TRIZ: como multiplicar sua criatividade técnica e capacidade de inovar – GARANTIDO! (Parte 2 de 3)

“Revelações” Do TRIZ

Neste segundo artigo da série introdutória sobre TRIZ (Teoria da Resolução de Problemas Inventivos), prosseguimos descrevendo algumas qualidades únicas desse revolucionário método, que você não encontrará em nenhuma outra técnica de criatividade. É o que eu chamo de “revelações” do TRIZ, descobertas feitas por Genrich Altshuller (o “pai” do TRIZ) em sua pesquisa original sobre 400.000 patentes de invenção, realizada em 1946 na antiga União Soviética, quando ele tinha apenas 20 anos de idade.

Além da descoberta de que todo problema inventivo tem um conflito subjacente (isto é: um CT – Conflito Técnico, ou uma CF – Contradição Física) Altshuller constatou, a partir de sua análise de milhares de patentes de invenção, que os sistemas técnicos somente conseguem dar um “salto evolutivo” em seu desempenho quando (e somente quando) seu conflito central é eliminado.

[…] os sistemas técnicos somente conseguem dar um “salto evolutivo” em seu desempenho quando (e somente quando) seu conflito central é eliminado.

E o Que Uma Bicicleta Tem Haver Com Isso?

Durante quase 40 anos (desde 1845, quando foram introduzidos os freios) a bicicleta praticamente não evoluiu, porque tinha uma limitação fundamental: o único recurso para aumentar a velocidade (um requisito básico para os clientes desse sistema técnico) era aumentar o diâmetro da roda. Porém, o diâmetro da roda estava limitado ao tamanho da perna do ciclista.

Havia, portanto, uma CF básica:

“Para aumentar a velocidade, o diâmetro da roda tem que aumentar

Vs.

“…mas para possibilitar a impulsão (com a perna) o diâmetro da roda não pode aumentar.”

Portanto, a  bicicleta ficou sem evolução técnica por um longo período, pois o diâmetro da roda foi aumentado até o limite máximo do comprimento da perna, dando origem àquelas bicicletas antigas, com a roda dianteira muito grande, e a roda traseira bem pequena.

Foi somente em 1884, com a invenção da transmissão com corrente, que aquela contradição central foi eliminada. Só então é que foi possível atingir novos níveis de velocidade, o que permitiu um avanço tecnológico que gerou a bicicleta que conhecemos hoje.

O Que Está Presente No Desenvolvimento De Todos Os Sistemas Técnicos?

Altshuller observou que esse mecanismo de saltos evolutivos através da eliminação de contradições estava presente no desenvolvimento de todos os sistemas técnicos. De fato, a história de como os sistemas técnicos evoluíram (qualquer que seja ele, em qualquer ramo tecnológico) é a história das invenções que gradualmente eliminaram suas contradições internas!

A partir dessa “revelação” podemos sacar duas conclusões muito importantes para todo o profissional que tem a inovação como parte do seu trabalho:

De fato, a história de como os sistemas técnicos evoluíram (qualquer que seja ele, em qualquer ramo tecnológico) é a história das invenções que gradualmente eliminaram suas contradições internas!

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Primeira Conclusão Importante:

se você ou sua equipe querem realmente realizar um “salto quântico” de inovação, um “breaktrough” ou “solução disruptiva”, sua tarefa é identificar e eliminar o problema central que impede a evolução do sistema técnico em questão, isto é, a contradição (CT ou CF) mais diretamente relacionada com uma necessidade prioritária do cliente.

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Segunda Conclusão Importante:

com base nos princípios e técnicas do TRIZ, todo profissional ou equipe técnica pode antecipar-se e, intencionalmente, provocar ou acelerar o próximo salto evolutivo do sistema, ganhando com isso uma vantagem competitiva decisiva no mercado.

Observe então que o TRIZ nos coloca no caminho da verdadeira inovação, apontando para o problema inventivo a ser resolvido, o qual por sua vez está determinado pela contradição subjacente. Tal característica não existe nos métodos psicológicos de inovação (o velho “brainstorming”, por exemplo) os quais colocam o foco na nossa capacidade de pensar de maneira diferente, mas não em definir o problema inventivo e entender sua essência, que é o que o TRIZ faz.

“Pensar diferente”, isto é, romper a inércia psicológica, é algo necessário porém não suficiente para concretizar a inovação em tempo hábil. É possível “pensar diferente” em milhares de direções, mas…

Qual o Caminho Certo, Qual o Mais Promissor Para A Inovação?

Posso afirmar que o TRIZ é o ÚNICO método de inovação que possui esse critério de “direcionamento do caminho ideal”. Isso nos ajuda muito, tanto no momento de gerar ideias poderosas quanto na hora de selecionar as melhores soluções, ao mesmo tempo que nos livra do penoso, arriscado e lento “método” da tentativa e erro.

O TRIZ tem essa característica única porque, em sua pesquisa,  Altshuller constatou que a evolução dos sistemas técnicos criados pela humanidade é governada por certas tendências evolutivas. No TRIZ clássico existem oito dessas linhas evolutivas principais que todo sistema técnico segue, as quais veremos com maior detalhe no webinar próximo.

A evolução dos sistemas técnicos criados pela humanidade é governada por certas tendências evolutivas.

Portanto, o conhecimento dessas tendências evolutivas, que o TRIZ coloca ao nosso alcance, nos permite:

Usá-las para solução de problemas,

pois elas nos ajudam a pensar em soluções que sejam compatíveis com as “dicas evolutivas” fornecidas pelas tendências, as quais sempre serão melhores que outras soluções que, apesar de parecerem atrativas, contradizem tais tendências;

Usá-las para previsão da evolução

que deve ocorrer com o sistema técnico em questão, o que pode ajudar a nos anteciparmos na inovação e geração de novas patentes de invenção.

No próximo artigo que conclui esta série, e no webinar que estamos organizando, você terá oportunidade de aprender mais sobre o TRIZ e verá como esse poderoso método pode multiplicar drasticamente a sua criatividade técnica e poder de inovação, de maneira sistemática.

Sobre o Autor

Eduardo C. Moura

Eduardo C. Moura

TLSS e DFSS Master Black Belt, Consultor Sênior Em Excelência Empresarial e Fundador do Resolve.Guru e da Qualiplus

Eduardo Moura acredita na importancia do aprendizado e ensinamento contínuo e tem como missão elevar ao nível de exclência todos os profissionais e empresas do Brasil.

Especializações:
ASQ (American Society for Quality) de 1986 a 2004: Certified Quality Engineer, Certified Reliability Engineer, Certified Quality Auditor, Certified Quality Manager. ASI (American Supplier Institute): Certified Taguchi Expert (1999, o primeiro no Brasil). TOCICO (The Theory of Constraints International Certification Organization) Practitioner

Certificações:
Thinking Process, Finance & Measures, Supply Chain Logistics (2010, 2012). DDI (Demand Driven Institute): Certified Demand Driven Planner (2014, o primeiro no Brasil). Strategic planning and business growth, product innovation and development, process and product performance optimization. TOC-Theory of Constraints, Throughput Accounting, Thinking Processes, Strategy & Tactics, Critical Chain, Supply Chain Logistics, Drum-Buffer-Rope . Lean Production, Lean Development, Six Sigma, TRIZ, Taguchi Methods, MTS – Mahalanobis Taguchi System, Robust Engineering.